sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Cecília Meireles




Se há uma biografia pela qual eu  me impressiono é a de Cecília Meireles.
Seu pai morreu 3 meses antes do seu nascimento e sua mãe antes mesmo que completasse 3 anos.


"Nasci aqui mesmo no Rio de Janeiro, três meses depois da morte de meu pai, e perdi minha mãe antes dos três anos. Essas e outras mortes ocorridas na família acarretaram muitos contratempos materiais, mas, ao mesmo tempo, me deram, desde pequenina, uma tal intimidade com a Morte que docemente aprendi essas relações entre o Efêmero e o Eterno".


(...) Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde foi nessa área que os livros se abriram, e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano."



    Cecília publica seu primeiro livro de poesias"Espectro" em 1919 e, em 1923 lança "Pema dos Poemas" e "Nunca Mais". Dois anos depois publica a obra "Baladas para El-Rei".
Em 1922 Cecília se casa com o pintor português Fernando Correia Dias, com quem tem três filhas e cinco netos. O marido suicida-se em 1935 e Cecília casa-se, novamente, em 1940, com o professor engenheiro agrônomo Heitor Vinícius da Silveira Grilo. 
    A escritora também teve grande influência no educação do país ao participar ativamente durante um ano do Diário de Notícias, uma página diária sobres problemas na educação.Viajou por vários países em conferências sobre Literatura, Educação e Folclore, no qual ela se especializou.
  Enfim, Cecília teve uma vida sofrida porém, grandemente produtiva, no que concerne ás produções textuais.
    Faleceu em 1964, sendo-lhe prestadas, grandes homenagens públicas.
Cecília ganhou o prêmio Machado de Assis dado pela Academia Brasileira de Letras um ano depois de sua morte.


Nada melhor do que encerrar este post com uma das belíssimas poesia de Cecília Meireles.

Uma ótima Sexta-feira a todos!

Pus-me a cantar minha pena com uma palavra tão doce, de maneira tão serena, que até Deus pensou que fosse felicidade - e não pena.
Anjos de lira dourada debruçaram-se da altura.
Não houve, no chão, criatura de que eu não fosse invejada, pela minha voz tão pura.
Acordei a quem dormia, fiz suspirarem defuntos.
Um arco-íris de alegria da minha boca se ergue apondo o sonho e a vida juntos.
O mistério do meu canto, Deus não soube, tu não viste.
Prodígio imenso do pranto: - todos perdidos de encanto, só eu morrendo de triste!
Por assim tão docemente meu mal transformar em verso, oxalá Deus não o ausente, para trazer o Universo de pólo a pólo contente!


Por Ana Sousa


Nenhum comentário:

Postar um comentário