quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Infinitude discreta


  O, tão complexo, conhecimento da linguagem,  é parte da nossa biologia. Se já não nascêssemos com ele, não haveria meio de aprendê-lo só através da observação das coisas. Se a linguagem fosse aprendida como em um jogo de repetição, só seríamos capazes de falar o que ouvimos, mas – de fato – quando falamos uma língua demonstramos saber muito mais do que aquilo que ouvimos. Essa propriedade da nossa capacidade de linguagem é conhecida pelos linguistas como infinitude discreta, ou seja, somos capazes de produzir um número infinito de expressões gramaticais a partir de um conjunto finito de elementos e princípios linguísticos. 

  Essa propriedade se manifesta também no nosso conhecimento de matemática: quantos números podemos formar? Qual é o fim dos números? Essas perguntas são até cômicas de tão óbvias, não é? Todos sabemos que podemos formar um sem fim de números, com apenas dez algarismos. É assim também com os sons das línguas: com vinte ou trinta sons podemos produzir quantas palavras? Não dá nem para contar porque não tem fim. Será que alguém nos ensinou essa capacidade? Nossos pais certamente nunca nos disseram algo como: “olha, meu filho, você pode formar tantas palavras quantas quiser, combinando esses sons, tá?” Fica realmente engraçado falar assim, porque esse conhecimento já veio com a gente, é uma das propriedades fundamentais do nosso órgão da linguagem.

Na  imagem abaixo, destacam-se duas áreas do cérebro relacionadas à linguagem: à esquerda, a chamada área de Broca, ligada à produção da linguagem e, mais à direita, a área de Wernicke, associada à compreensão da linguagem.

Áreas da linguagem no cérebro





Fonte:  Marcos Maia / Manual de Lingüística: subsídios para a formação de professores indígenas na área de linguagem.





Por Ana Sousa.


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